sábado, 9 de abril de 2011

Atirador faz sete mortos na Holanda.

Sete pessoas morreram e 16 ficaram feridas depois que um atirador abriu fogo, neste sábado, no shopping Ridderhof, na cidade de Alphen aan den Rijn, situada a 20 quilômetros de Amsterdã, na Holanda. O assassino, que se matou em seguida, é Tristan van der Vlis, de 24 anos. Segundo a imprensa holandesa, uma carta teria sido encontrada em seu carro sugerindo a existência de explosivos em três outros centros comerciais, que foram evacuados. Para não variar nesses casos, numa outra carta deixada em sua casa, ele anunciava o suicídio.

Certa imprensa é mais ou menos igual em todo o mundo — e, se me permitem, em alguns países, ela é ainda “mais igual”. Todos os sites dos jornais da Holanda, a Meca do politicamente correto, destacam em manchete, neste momento, que Tristan era membro de um clube de tiro. A ilação é óbvia: aí estaria a causa, sugere-se, da tragédia. Às vezes no mesmo parágrafo, às vezes no seguinte, informa-se que era filho de pais separados e que morava com o pai, não ficando claro se tal característica também está na cadeia de supostas causalidades.

Como a Holanda não pode proibir ninguém de se separar — faço uma ironia: no país, seria mais fácil proibir é o casamento… —, então se iniciará, é certo, um movimento para proibir os clubes de tiro… No Japão, um psicopata matou oito crianças numa escola com uma faca. Ninguém teve a idéia de proibir as facas.

Cada país busca exorcizar as falsas culpas à sua maneira, segundo as suas condições objetivas, não é? No Brasil, circulam milhões de armas ilegais, que passam por nossas fronteiras, terra de ninguém, sem quaisquer dificuldades. Quando um psicopata ou esquizóide, sei lá eu, sai matando a esmo, alguém se lembra de tentar proibir a venda legal de armas e de sugerir que o não-bandido e o não-maluco (para ser genérico) entreguem suas armas ao estado. Os que podem, efetivamente, sair matando por aí certamente não atenderão ao apelo. Na Holanda, vamos apostar, alguém proporá a proibição dos clubes de tiro.

Informam os sites noticiosos holandeses, sem detalhes, que Tristan já tinha tido problemas com a polícia relacionados à posse de armas e ameaças a terceiros. Não se sabe por quê, a investigação não seguiu adiante. Outra evidência universal, meus caros, é que, pouco importa o grau de desenvolvimento do pais, as várias instâncias do estado preferem sempre punir o indivíduo por sua própria incompetência.





Por Reinaldo Azevedo Colunista da revista veja.


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